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Deep Tan um punk cru e envolvente

By VoxPop - outubro 08, 2024


 Já tinhamos visto a banda várias vezes em Londres e a expectativa para as rever desta vez em Lisboa era alta. Sonhávamos com uma sala cheia, repleta de raparigas na mesma sintonia. No entanto, apesar do concerto acontecer no Musicbox, um palco privilegiado, o público não se revelou tão numeroso quanto esperávamos. 
Ainda assim, havia pessoas suficientes para criar uma atmosfera calorosa e acolhedora, tanto para a banda quanto para os presentes. A conexão entre artistas e público era palpável, transformando cada nota num laço íntimo, onde todos se tornavam parte da magia daquela momento. Neste espaço intimista, a energia pulsava, iluminando a noite com intensidade da música e das e das emoções compartilhadas. 

As luzes apagam-se e o palco se enche com um roçar de instrumentos, o som a rasgando o silêncio. O concerto começa, e o impacto é imediato — uma onda de punk cru e pulsante que nos envolve, quase nos derrubando. A guitarra e o baixo cortam o ar, enquanto a bateria bate forte, como um coração acelerado, pulsando nos nossos ossos. A voz da vocalista, não muito alta, não em gritos, mas cheia de atitude, surge, cheia de urgência, como uma resposta ao caos do mundo.

A música não é apenas ouvida, ela é sentida. Cada acorde parece uma explosão, uma carga elétrica que reverbera pelo corpo. 

As palavras são um convite à rebeldia, um reflexo de um mundo que não tem tempo para convenções, para expectativas. Elas não está ali para agradar; eles estão ali para desafiar, para incendiar o espaço com um som que é ao mesmo tempo agressivo e libertador.

Os riffs são rápidos e implacáveis, como uma torrente de pensamentos que não se conseguem organizar, mas que tornam-se potentes na sua própria desordem. A vibração transmitida é como se o tempo parasse e a única coisa que existisse fosse aquele momento intenso e avassalador.

O baixo ressoa como um sussurro profundo, que nos pulsa a alma e arrasta o corpo ao ritmo envolvente. O ritmo e tom grave, para além de ser dançante, mescla melancolia e euforia em cada pulsar. Com movimentos fluidos ao seu próprio ritmo, é tanto o alicerce quanto a corrente que eleva, traduzindo emoções em som e vice versa, criando desta forma uma convexa visceral entre o público e a música. Como que fosse forma um diálogo íntimo, uma dança silenciosa entre o coração e a mente, onde cada acorde é um convite à imersão. 


Quando o concerto chega ao fim, a sensação é de euforia como se tivéssemos sido levados para um outro lugar e agora, lentamente, começássemos a voltar. Mas a marca deixada pela música de Deep Tan permanece, uma sensação de ter vivido algo transformador, algo que nos lembrou da importância de sermos nós mesmos, sem máscaras, sem concessões.

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