As luzes apagam-se e o palco se enche com um roçar de instrumentos, o som a rasgando o silêncio. O concerto começa, e o impacto é imediato — uma onda de punk cru e pulsante que nos envolve, quase nos derrubando. A guitarra e o baixo cortam o ar, enquanto a bateria bate forte, como um coração acelerado, pulsando nos nossos ossos. A voz da vocalista, não muito alta, não em gritos, mas cheia de atitude, surge, cheia de urgência, como uma resposta ao caos do mundo.
A música não é apenas ouvida, ela é sentida. Cada acorde parece uma explosão, uma carga elétrica que reverbera pelo corpo.
As palavras são um convite à rebeldia, um reflexo de um mundo que não tem tempo para convenções, para expectativas. Elas não está ali para agradar; eles estão ali para desafiar, para incendiar o espaço com um som que é ao mesmo tempo agressivo e libertador.
Os riffs são rápidos e implacáveis, como uma torrente de pensamentos que não se conseguem organizar, mas que tornam-se potentes na sua própria desordem. A vibração transmitida é como se o tempo parasse e a única coisa que existisse fosse aquele momento intenso e avassalador.
O baixo ressoa como um sussurro profundo, que nos pulsa a alma e arrasta o corpo ao ritmo envolvente. O ritmo e tom grave, para além de ser dançante, mescla melancolia e euforia em cada pulsar. Com movimentos fluidos ao seu próprio ritmo, é tanto o alicerce quanto a corrente que eleva, traduzindo emoções em som e vice versa, criando desta forma uma convexa visceral entre o público e a música. Como que fosse forma um diálogo íntimo, uma dança silenciosa entre o coração e a mente, onde cada acorde é um convite à imersão.
Quando o concerto chega ao fim, a sensação é de euforia como se tivéssemos sido levados para um outro lugar e agora, lentamente, começássemos a voltar. Mas a marca deixada pela música de Deep Tan permanece, uma sensação de ter vivido algo transformador, algo que nos lembrou da importância de sermos nós mesmos, sem máscaras, sem concessões.
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