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Walter Astral dão-nos um concerto cósmico

By VoxPop - outubro 07, 2024


     Esta era uma das bandas que mais desejávamos ver ao vivo, não apenas pela sonoridade que já nos acompanha há algum tempo, mas também pela rara oportunidade de os ver ao vivo e assim conhecer a sua energia no palco, algo que até então nos escapava. A fusão entre a eletrônica e em especial o banjo sempre foi algo que nos encantou, criando um som singular que, mesmo nos vídeos acústicos que havíamos assistido online, já nos fazia vibrar por antecipação. Faltava-nos apenas o momento de finalmente os ver ao vivo.O concerto aconteceu num local desconhecido para nós, embora seja uma rua que passemos com frequência. De fora, o espaço parecia uma simples cave, escondida sob a estrutura de um prédio comum, mas, ao contrário do que a aparência inicial sugeria, revelou-se um ambiente íntimo e vibrante, capaz de rivalizar com outras venues. Sem um palco e com um tamanho limitado, a visão da banda era restrita, especialmente para quem não se encontrava na frente, tal como acontece em muitos outras venues das mesmas características. Por sorte, chegamos cedo, garantindo um lugar privilegiado, sem a necessidade de interromper quem já estava mais perto para podermos fotografar.
    As dificuldades de fotografar eram evidentes: o fumo denso e a condensação criavam uma atmosfera mística que complicava a termos técnicos as fotografias, e, mais do que isso, era impossível permanecer estático diante da força envolvente da música. O som parecia puxar-nos para um movimento involuntário e o corpo naturalmente entregava-se ao ritmo da música. 
    Tristan, com seu humor peculiar e simpático, comentou em tom de piada que não conseguia ver o público, mas esperava que, ao menos, o público conseguisse vê-lo. De fato, as condições de visibilidade não eram ideais, mas a energia, a "good vibe" que pairava no ar, tornava qualquer desconforto, secundário. O calor abafado e o fumo não eram mais do que pequenos detalhes perante a intensidade do que estava a acontecer naquele exato momento.

    Tino, alternando entre o banjo e a guitarra, desafiava qualquer noção de convencionalidade, transformando cada composição numa experiência única e arrebatadora. Os seus acordes juntamente com o som de Tristan são como espirais hipnóticas saídas de uma mente em transe, pareciam abrir portais para outras universos paralelos. A suavidade com que Tino se expressa, entrelaçada a uma postura vibrante e contagiante, transmitia uma sensação reconfortante, que cria uma espécie de necessidade de guardar aquele espírito etéreo numa garrafa e poder abri-la sempre que as sombras dos dias nos deixem um pouco mais low.

As músicas e o concerto em si, tal como prometido, foram uma manifestação pura do que o duo representa: exploradores celestiais, viajantes entre mundos paralelos onde a musica psicadélica e o techno se entrelaçam, formando uma dimensão própria, intransponível, mas, ao mesmo tempo, completamente acolhedora. Aquela noite foi a materialização dessa viagem cósmica — uma experiência sensorial e emocional que nos envolveu por completo.

Agora, aguardamos ansiosos a oportunidade de os ver fora das nossas obrigações do trabalho, para poderemos finalmente dançar livremente e imergir completamente neste culto ao onírico, onde nos perderemos nos transes místicos da banda, deixando-nos levar por esta energia que nos transcende pelas paisagens da mente e do espírito.


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