The Offspring fez parte da banda sonora da vida de milhares de adolescentes dos anos 90, muitos desses então adolescentes e hoje adultos com filhos, estavam presentes no concerto com os filhos. Ouvimos alguns jornalistas comentarem que The Offspring não evoluíram, pararam nos anos 90 e foi isso que ali foram fazer, mais do mesmo.

   Nós não vemos isso da mesma forma, mas esperamos para ver quantas das bandas surgidas agora, vão estar a dar concertos igualmente bons e para um publico tão abrangente a nível de idades e estilos, daqui a 30 anos. Esperamos que muitas, porém não temos tantas certezas como as que gostaríamos de ter.

    Ao voltar atrás, muito atrás no tempo, a primeira vez que vi esta banda, posso dizer que era uma criança e a seguir obriguei o meu pai a comprar-me o vinil "Ignition", que trouxe para Portugal e nem os meus amigos mais velhos gostaram. Mas quando saiu o Smash já adoraram, já eu preferi os dois primeiros. A partir de 1994 vi vários concertos deles, incluindo concertos em que tocavam com outras bandas que eu também adorava na altura, como Pennywise e NOFX, que tentava ver sempre que fosse possível. 

    Ora muito bem se compararmos o concerto de hoje com os concertos dessa altura, óbvio que antes todos na banda tinham mais energia e loucura, mas não significa que tivesse mais qualidade, por vezes havia tanta gente do publico a subir para o palco para saltar, que já nem se sabia quem era da banda ou do publico, tal como em todos os concerto punk. Mas na altura aquilo fazia sentido assim, loucura e confusão, mosh e nodoas negras em vez de qualidade no som. Hoje tivemos um concerto com uma qualidade brutal, com a energia e sentido de humor já típicos de Dexter e sobretudo Noodles, agora com 60 anos e a qualidade instrumental e vocal está perfeita.

    Apesar de terem lançado o álbum "Let the Bad Times Roll" em 2021, o concerto foi uma viagem pelos melhores êxitos de cada álbum, deixando o publico do mais novo ao mais velho feliz, a energia era fantástica e houve direito a mosh e surf crowd, ao nosso lado estava um pai de cerca de 40 e poucos anos e o filho a adolescente a curtirem o concerto de igual forma, o filho tinha uma t-shirt da altura do "Smash" que fora do pai, passar gosto pela musica para os filhos, seja lá que tipo de musica for, é fantástico.

    Pelo meio das suas músicas, houve tempo para as piadas, como o Noodles dizer que estava para aí um milhão de pessoas ali a vê-los, tiveram ainda tempo para um pouco de Iron Man com "The Trooper", "Sweet Child o'Mine" dos Guns N'Roses e mais uma piada sobre Guns e "In the Hall of the Mountain King" de Grieg, seguido e em modo rápido, para depois sim uma cover de Ramones, com "Blitzkrieg Bop". 

    Deixaram "Self Esteem" para o encore e última. Como se tudo começa-se pelo fim. Tendo sido os álbuns "Smash" e o "Americana" que ocuparam mais a setlist, cada um com quatro musicas, tendo sido também durante estes mesmos álbuns que tiveram mais no auge do sucesso fez todo o sentido, terem tocado mais musicas deles. Não deve ser fácil voltarem brevemente a Portugal, mas se voltarem lá estaremos para reviver os anos 90.

Podem ver o vídeo que eles fizeram do concerto na página de instagram deles, está muito o que foi, mas visto do lado deles.

Setlist

1. Come Out and Play - (From Smash)

2. All I Want - (From Ixnay On The Hombre)

3. Want You Sad - (From Conspiracy of One)

4. Satring at the Sun - (From Americana)

5. Hit That - (From Splinter)

6. Hammerhead - (From Rise and Fall, Rage and Grace)

7. Bad Habit - (From Smash)

8. The Trooper (Iron Man), Sweet Child O'Mine (Guns N'Roses), In the Mountain King

9. Blitzkrieg Bop (Ramones)

10. Gotta Get Away - (From Smash)

11. Why Don't You Get a Job? - (From Americana)

12. (Can't get My) Head Around You - (From Splinter)

13. Pretty Fly (for a white Guy) - (From Americana)

14. The Kids Aren't Alright - (From Americana)

Encore

15. You're Gonna Go Far, kid - (From Rise and Fall, Rage and Grace)

16. Self Esteem - (From Smash)