MIL

MIL 2025 volta a ser uma bússola da música nova

By VoxPop - setembro 30, 2025

   

 Desde o primeiro ano que acompanhamos o MIL de perto. E não é por acaso, pois este é, sem margem para dúvidas, um dos nossos festivais preferidos. Aqui, descobre-se música antes dela ter nome na rádio. Aqui, ouvem-se artistas antes deles encherem salas. O MIL - Lisboa é um daqueles festivais que não vive da previsibilidade do cartaz, mas da coragem de arriscar o desconhecido. E é por isso que, de 8 a 11 de outubro, voltamos ao Beato com ouvidos abertos e expectativas altas. Adoramos festivais que não só dão oportunidade a bandas novas, como também possibilitam que lá vai descobrir essas bandas, estamos cansados de festivais que fazem o seu cartaz pelas trends musicais do TikTok.

    Este ano, o festival revela mais uma vez um cartaz plural, urgente e transfronteiriço, com mais de 50 nomes vindos de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Bélgica, França, Espanha, Dinamarca, Tanzânia e muitos outros pontos do mapa sonoro global. Entre estreias absolutas e regressos esperados, a edição de 2025 reafirma o MIL como espaço de escuta, descoberta e cruzamento, não só de estilos, mas de culturas e visões artísticas.

    De mornas a clubbing, de "coladeiras" a colapsos emocionais. A abertura do festival faz-se com Maria Alice, referência da música tradicional cabo-verdiana, e Maria Beraldo, que estreia em Portugal o álbum Colinho, entre clarinetes e vulnerabilidade pop. Quinta-feira traz o cruzamento de eletrónica e soul com Julie Rains (Bélgica), a energia de pista de dança de Accou & Marjolein, e a intensidade emocional de MAR, com o seu novo projeto Cuica, cantado em português.

    Entre os destaques nacionais, YANG propõe um diálogo entre tradição e eletrónica, e Pedro da Linha estreia ao vivo o novo espetáculo que antecipa o seu próximo álbum. Sila Lua, de Espanha, apresenta o seu provocante Danzas de Amor y Veneno.

    Sexta-feira o dia onde o underground se encontra com as raízes, começa com estreias e colaborações improváveis: Saeira, luso-francesa, atua pela primeira vez em Portugal; o duo 7777 の天使, com ADN Soul Feeder, promete intensidade audiovisual em estado puro; e Brisa Flow, artista mapuche-brasileira, mistura rap, jazz e cânticos ancestrais num espetáculo profundamente identitário.

    Do lado mais cru, Gros Coeur vem com a força bruta do punk belga, enquanto Ão e Asa Cobra exploram os limites da pop e da eletrónica de forma visceral. Há ainda espaço para a estreia da rapper Tixa, a fusão Lisboa–Luanda em modo AV com Vanyfox, e o peso suburbano do kuduro de RS Produções. O coletivo madrileno 1111 fecha com uma atuação que desafia qualquer lógica de género.

    Sábado é mais espiritualidade, introspeção e explosão emocional, o último dia do festival não abrandará. Romeu Bairos, dos Açores, traz um cancioneiro que mergulha nas raízes da música portuguesa, enquanto Mano Jio funde ritmos africanos com sonoridades contemporâneas. Da cena europeia chegam mariagrep, La Valentina, miaw, Margô, JAWHAR e DalaïDrama, com propostas que vão do pop introspectivo ao clubbing desconstruído, passando pela folk árabe em nova pele.

    Mas talvez o momento mais transcendental da edição 2025 venha das The Zawose Queens, da Tanzânia, com uma performance ritualística baseada nas tradições do povo Gogo, uma viagem espiritual com batimento cardíaco tribal. Também em estreia, Rislene, cantora e compositora franco-cabo-verdiana, traz um espetáculo onde soul e jazz se cruzam com crioulo e francês.

    Ao longo dos anos, o MIL habituou-nos a sair com os ouvidos em combustão e a playlist cheia de nomes que, pouco tempo depois, vemos a liderar festivais, listas e conversas. Esta edição não será exceção. Para além de música o festival tem as convenções, algo que também adoramos neste festival, pois cria um espaço onde não só se pode aprender, como também trocar ideias e conhecer pessoas do mesmo meio profissional.

    Para além das bandas que falamos aqui, há muito mais e tal como nos anos anteriores iremos entrar em pormenor em algumas delas, bem como falar com eles e deixar-vos assim a conhecer um pouco mais deles.

    Já sabes de 8 a 11 de outubro, Lisboa volta a ser o ponto de encontro entre a música que ainda não chegou às massas e o público que se recusa a ouvir só mais do mesmo. E nós, como sempre, estaremos lá a ouvir tudo e a contar-te o que não podes perder.

  • Share:

You Might Also Like

0 comments