Depois de uma edição memorável em 2024, o MEO Kalorama regressa este ano com uma novidade importante: o festival muda-se de setembro para junho (19 a 21), ocupando a linha da frente da temporada dos grandes concertos ao ar livre. Mas se a data muda, o espírito mantém-se — e é exatamente isso que nos faz querer voltar.
No ano passado estivemos lá. E adorámos. Em especial, o Palco Lisboa, que nos ficou cravado na pele e nos ouvidos. Foi ali que vimos alguns dos melhores concertos do festival: Yard Act com a sua energia pós-punk acelerada e cínica, o furacão visual e sonoro de Yves Tumor, a libertação sensorial de Moonchild Sanelly e o encanto grooveado dos National Language. Mais do que um palco secundário, o Lisboa foi um espaço de descoberta e afirmação.
Um cartaz que fala mais alto do que o algoritmo
Este ano, o Kalorama volta a apostar numa curadoria que não segue modas, cria uma. Numa época em que tantos festivais vivem da espuma do TikTok, aqui aposta-se em música com substância. Há nomes com peso e visão artística.
FKA twigs, que regressa a Lisboa, continua a ser uma das artistas mais magnéticas da atualidade, misturando dança contemporânea, dor, beleza e som. Como ela própria afirmou, “a vulnerabilidade é o estado mais forte em que podemos estar”. No Kalorama, esse estado torna-se coletivo.
Do outro lado da introspeção surge Damiano David, vocalista dos Måneskin, agora em carreira a solo com o belíssimo Funny Little Fears. Um disco marcado por influências como Keane, The Killers ou Elton John, onde Damiano canta para se curar: “Este disco foi uma terapia. Um reencontro comigo mesmo”. Um concerto que promete fugir à extravagância e ir direto ao coração.
E há ainda os franceses L’Impératrice, agora com nova vocalista, depois da saída de Flore Benguigui. É uma nova era para uma banda que nunca teve medo de misturar funk, psicadelismo e pop com requinte francês. Lisboa vai dançar — só ainda não sabemos exatamente com que voz.
Para além destes nomes, terá também Badbadnotgood, Father John Misty e 2ManyDjs que adoramos e vamos ter muito gosto em ver, para não falar dos míticos Pet Shop Boys e os Scissor Sisters.
A música portuguesa com o seu espaço e tempo
O Kalorama não esquece o que é feito por cá. Este ano, o cartaz inclui nomes que têm deixado marca: BRANKO, Best Youth, MAQUINA., Cara de Espelho (projeto recente de Pedro Mafama), e Yakuza, uma das apostas mais refrescantes da cena alternativa. É um line-up nacional que não serve de rodapé, ocupa lugar central, merecidamente.
Mais do que música: um compromisso real
O festival continua a destacar-se pelo seu compromisso com a sustentabilidade e com a comunidade. Em 2023, foi pioneiro ao obter a certificação B Corp e conseguiu cortar significativamente o uso de plástico e o consumo energético. Plantaram-se mais de mil árvores em parceria com a Quercus, distribuíram-se refeições com a REFOOD, e envolveram-se associações locais como a Chelas é o Sítio para dar voz a quem vive na zona do festival.
Um festival para quem ainda acredita na música
O MEO Kalorama é feito para quem não quer playlists virais nem filtros. É para quem ainda gosta de descobrir bandas, ouvir álbuns inteiros, ver concertos do início ao fim. Para quem dançou no pó da Bela Vista, de copo na mão, enquanto o sol se punha atrás do palco Lisboa.
Este festival não quer ser o mais comentado, quer ser o mais sentido. E em 2025, tudo indica que o vai voltar a ser.
Deixamos aqui os horários e palcos onde vais querer estar
19 Junho
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