A noite em que o punk dançou: Victor Torpedo & The Pop Kids na ADF
Na noite de 25 de abril, a Academia Dramática Familiar em
Pedrouços foi palco de uma descarga elétrica de som, suor e boa disposição.
Victor Torpedo, figura incontornável do rock alternativo português, entrou em
palco com os seus Pop Kids como quem vem para abanar corpos e levantar
espíritos e não saiu de lá sem o conseguir.
O espaço, pequeno, próximo e já quente antes do primeiro
acorde, foi o cenário perfeito para um concerto sem barreiras entre banda e
público. A formação, bateria firme, baixo cheio de groove, guitarras afiadas e
um saxofone surpreendente e cheio de garra, puxou por cada música como se fosse
a última. Foi energia em bruto, sorrisos rasgados e uma sensação coletiva de
alegria partilhada.
Victor, com o carisma habitual, não se limitou ao palco.
Várias vezes mergulhou no meio do público — guitarra ao peito, microfone na mão
ou simplesmente para dançar. Num momento estava frente ao microfone, noutro já
estava de olhos nos olhos com quem estava na fila da frente. Esses mergulhos na
plateia deram ao concerto uma espontaneidade rara e criaram momentos de
verdadeira comunhão, onde artista e público se tornaram uma coisa só.
O saxofone, inesperado no contexto punk, foi a cereja no
topo. Em vez de suavizar, incendiava, criando contrastes deliciosos e ajudando
a moldar a personalidade única deste projeto.
No fim, ninguém queria sair, não porque faltasse alguma
coisa, mas porque o que se viveu ali foi muito bom, um concerto onde tudo fez
sentido, onde a música foi feita com corpo, alma e uma generosa dose de
alegria.
Foi punk, foi pop, foi rock foi suor, dança e liberdade. E foi
memorável.
Texto: Sofia Reis
Fotografia: José Almeida
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