O Regresso Fantasmagórico dos The Horrors a Lisboa: Uma Noite Para Redescobrir o Escuro

By VoxPop - abril 14, 2025

    Lisboa tremeu — ou melhor, vibrou em baixa frequência — no passado dia 10 de abril, quando os The Horrors regressaram à capital portuguesa após oito longos anos de silêncio editorial e ausência física. A República da Música, casa quase cheia, tornou-se o cenário ideal para o renascimento de uma banda que sempre viveu entre o sombrio e o sublime.

    A razão para o reencontro? Night Life, o novo e aguardado sexto álbum da banda britânica, lançado em março, e o primeiro desde V, de 2017. Um regresso inesperado, mas cuidadosamente orquestrado — o disco foi gravado em Los Angeles e traz a marca criativa de Yves Tumor, presença magnética que muitos ainda recordam do Kalorama do verão passado. Ao lado dele, o produtor Yves Rothman (Beabadoobee, Girlpool) ajudou a moldar esta nova encarnação dos The Horrors, que soa mais noturna, mais sintetizada, mas igualmente visceral.

    Naquela noite lisboeta, Faris Badwan parecia invocar algo entre um sacerdote do pós-punk e uma criatura de outro plano. Imóvel por longos segundos, depois explosivo. A nova formação — com Amelia Kidd nos sintetizadores e Jordan Cook na bateria — trouxe frescura ao espetáculo, sem nunca diluir o peso da identidade do grupo. As luzes, quase sempre vermelhas ou púrpuras, piscavam como se estivessem a acompanhar um batimento cardíaco coletivo. O público entregou-se ao transe.

    As novas múica de Night Life fundiram-se naturalmente com clássicos do repertório da banda. “Mirror Image” destacou-se com o seu ritmo hipnótico e atmosfera sufocante, enquanto temas como “Still Life” ou “Sea Within a Sea” fizeram a sala flutuar em nostalgia e reverência. Ninguém respirava — ou talvez todos respirassem juntos.

Os The Horrors não voltaram para repetir fórmulas. Voltaram para assombrar, para questionar, para nos lembrar que a escuridão também pode ser dançável. E em Lisboa, por uma noite, foi.


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