J.Mystery é um artista que
quebra as barreiras do som contemporâneo em Portugal, com uma sonoridade envolvente e introspectiva. O seu
nome, que carrega uma aura de mistério, é o reflexo perfeito da sua música:
profunda, cheia de camadas e, acima de tudo, imprevisível.
Com uma presença de palco
hipnotizante e uma estética visual que mistura o enigmático e o moderno,
J.Mystery não se limita a entreter — ele cria uma verdadeira experiência
sensorial. Após o lançamento do EP A Safe Place em 2022, que o fez destacar-se,
o músico retornou em 2023 com o single Better Days, uma ode à esperança que
surge como uma luz em tempos de adversidade.
Em 2024, chegou Grow in the Dark, um EP que não é apenas uma
exploração sonora, mas uma viagem emocional. Com faixas como Reverie e
Everlasting Love, J.Mystery mergulha em temas como o amor, a perda e a
transformação pessoal. A sua mistura de géneros e a sua capacidade de inovar
fazem dele uma das vozes mais autênticas da música portuguesa atual, prometendo
continuar a surpreender e a conquistar o público com a sua música única.
Como nasceu o J.Mystery? Fala-nos um pouco da tua trajetória até chegares a este nome artístico e identidade musical.
O meu contato com a música começa cedo a tocar na Igreja, mas J.MYSTERY só nasce mais à frente e após o meu casamento. A minha mulher sempre me incentivou a escrever as minhas próprias músicas e a perseguir este sonho. Comecei a escrever em inglês, por me sentir mais confortável e a ideia foi sempre criar um nome artístico que pudesse refletir a minha personalidade e a forma como escrevo as minhas músicas.
Como descreverias o teu som para alguém que
nunca te ouviu antes?
A minha música é difícil de se encaixar nos rótulos do que se faz e é considerado, pop, electrónica, rock. É uma música muito pessoal, letras que falam sobre superação e amor misturando elementos acústicos e electrónicos.
Quais são as tuas maiores influências musicais?
Cresci a ouvir música gospel, nomeadamente americana e brasileira, mas a minha inspiração vem muito de singer songwriters como Matt Corby ou artistas como Jon Bellion ou Two another. A mistura de elementos electrónicos com acústicos é algo que gosto bastante.
Sem dúvida. Eu escrevo sobre mim e tudo aquilo que vou vivendo e naturalmente acabo por depositar muito de mim nas canções e elas recebem essa carga emocional.
Tens algum ritual criativo antes de compores ou
gravares? Como nasce uma música tua?
Não tenho nenhum ritual. Uma música minha pode nascer de várias formas mas a única condição que tenho é estar minimamente bem emocionalmente para poder tocar e escrever alguma coisa, só assim consigo ir lá atrás e escrever sobre algo que vivi ou passei. Tirando isso uma música nasce, grande parte das vezes, de uma forma super natural e descomprometida onde muitas vezes estou só a tocar por tocar.
O público português entende-te ou ainda achas que há espaço para um maior reconhecimento?
Sinto que estamos a atravessar uma fase na música portuguesa diferente, onde está a surgir muitos artistas emergentes mas muito dentro da mesma categoria e formato. Há sem dúvida um espaço muito maior a conquistar dentro de casa e trabalho diariamente para alcançar isso e fazer com que a minha música chegue a mais pessoas.
Como lidas com a pressão e as críticas,
especialmente num meio onde a imagem e o som muitas vezes se confundem?
Lido bem, principalmente porque sou eu o maior crítico do meu trabalho. Quando lanço alguma coisa tenho que estar 100% confortável e confiante. Entrei na música com essa consciência de que é impossível fazer um trabalho que agrade toda a gente e está tudo bem.
Há alguma música tua que consideres mais pessoal
ou especial? Qual e porquê?
Todo o meu EP é pessoal mas se tiver que destacar uma seria a “Better Days”. Escrever sobre o luto que enfrentava acreditando que dias melhores viriam foi sem dúvida o mais desafiador e ao mesmo tempo especial.
A música portuguesa está a atravessar um momento
de grande diversidade. Onde achas que te inseres dentro deste panorama?
Ora aqui está uma boa questão. Sinto que há espaço para novos artistas mas ainda está muito fechado para os mesmos, temos novos artistas incríveis que só precisam de uma oportunidade para mostrar a sua arte.
Qual foi o momento mais marcante da tua
carreira até agora — aquele em que sentiste: “Isto está mesmo a
acontecer”?
Sem dúvida os concertos de apresentação do novo EP. No Porto no HardClub e em Lisboa no MusicBox. Foram dois grandes concertos onde tivemos casa cheia e percebi que já não era só família e amigos mas tinha muita gente que não conhecia. Perceber que a minha música está a chegar a muita gente. Mais recentemente, a nomeação nos Prémios Play também foi um marco importantíssimo onde tive mais a certeza que estava no caminho certo.
As redes sociais aproximam os artistas do
público, mas também podem ser desgastantes. Como é a tua relação com esse
mundo digital?
É uma relação de ódio/amor. Uma ferramenta essencial e indispensável mas ao mesmo tempo acabas por ficar refém dos conteúdos e do ter que postar alguma coisa só porque sim. Eu evito isso. Tento ao máximo ter uma coerência no que coloco mas sem sentir essa obrigatoriedade.
Há temas que ainda não abordaste nas tuas
músicas, mas gostarias de explorar no futuro?
Para já não sinto isso. Continuo a explorar ao máximo o que me rodeia e tento sempre passar uma mensagem de esperança e amor.
Se não fosses músico, o que achas que estarias
a fazer neste momento da tua vida?
Sou designer gráfico de formação e paralelamente à música trabalho com a minha mulher que é designer de interiores, juntos temos uma empresa onde eu faço a Visualização 3D dos projetos e trato da parte gráfica, por isso, continuaria nessa área se não fosse músico.
Que mensagem queres deixar a quem está agora a
descobrir a tua música pela primeira vez?
Agradecer acima de tudo a oportunidade que estão a dar a artistas novos
e acima de tudo que a minha música possa acrescentar algo de positivo a quem está
a ouvir. Aproveitar e convidar para um concerto ao vivo onde as músicas ganham
uma dimensão ainda maior.
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