Dapunk Sportif na ADF a Revolução do Rock em Estado Puro

By VoxPop - abril 16, 2025

Na noite de 12 de março de 2025, a ADF tornou-se o palco de uma explosão sonora com a performance eletrizante de Dapunk Sportif. A banda portuguesa, com quase 21 anos de estrada, levou o público a uma verdadeira celebração da essência do rock'n'roll. Durante o concerto, apresentaram o seu mais recente trabalho, "Rock and Roll Salvation", o sexto álbum de originais, lançado pela Anti-Corpos Records. Gravado em outubro de 2024 nos estúdios Namouche, em Lisboa, com produção de Alain Johannes, o álbum marca uma nova fase da banda, mantendo a crueza do rock, mas com novas camadas sonoras. Alain Johannes, que tem uma carreira ilustre como produtor e músico, é conhecido pelo seu trabalho com bandas como Queens of the Stone Age, Them Crooked Vultures, Arctic Monkeys, Mark Lanegan ou Pj Harvey, trouxe toda a sua experiência para criar uma sonoridade rica e sofisticada, sem perder a agressividade característica da banda.

Se só pudéssemos usar três palavras para descrever este concerto, seriam, energia, entrega e conexão.

Paulo Franco de guitarra ao peito, com a voz rouca e incisiva, cheia de intensidade, comanda o concerto com naturalidade. O seu inglês perfeito e a forma como se dirige ao publico, com uma confiança nata, fazem-nos esquecer que estamos a ouvir uma banda portuguesa. Podíamos perfeitamente estar a vê-los em The Wiltern. Cada palavra, cada riff, cada pausa é medida com instinto, fazendo com que tudo seja natural, espontâneo. Os riffs cortados de João na guitarra, são feitos com uma energia intensa mas fisicamente discreta, como se toda a sua energia estivesse canalizada nas cordas da guitarra. Fred faz da bateria o coração da banda, sempre firme e pesado, mantendo um ritmo imbatível e conduzindo a energia do concerto com precisão, com uma prestação bastante séria e discreta, fez a maquina trabalhar com uma energia que não se via, ouvia-se e sentia-se no corpo. Já o baixista, totalmente imerso no que estava a acontecer, tornou-se uma presença de enorme força, já que não parava de dançar, saltar, sentia a música dentro de si. 

Vicente, nas teclas, que por estar numa ponta atrás dos teclados, tem visualmente um lugar mais discreto, porém a sua energia e contacto com a banda é tal, que fazem com que esse tal lugar discreto, seja um foco. As teclas elevam a sonoridade da banda, dando-lhe um lado mais atmosférico, cinematográfico. Em certos momentos parece ser ele que segura a tensão com sons etéreos, noutros entra de forma mais agressiva, fundindo-se com riffs para empurrar as faixas a territórios inesperados. O seu contributo faz com que Dapunk Sportif se distinga na cena do rock nacional, através de uma viagem entre a dureza do rock a uma sofisticação sonora.

A fusão de rock e electrónica foi perfeita, com os momentos mais pesados a darem lugar a passagens mais experimentais e psicadélicas, mas sem nunca perderem o ritmo e a intensidade. Dapunk Sportif não deixou dúvidas de que, apesar de amadurecerem com o tempo, a sua atitude e energia permanecem intactas. 

O concerto de Dapunk Sportif na ADF não foi apenas uma exibição de talento, foi uma verdadeira manifestação da força do rock'n'roll. A banda, com a sua combinação de guitarras explosivas, teclados atmosféricos e uma bateria imbatível, mostrou porque continuam a ser uma das bandas mais intensas da cena portuguesa.  Neste concerto não houve poses, houve presença, o resultado foi uma experiência intensa, suada, orgânica e que acima de tudo  nos deixa a vontade de os querer ver ao vivo mais vezes.

Quem teve a sorte de estar presente, testemunhou uma noite de pura entrega, onde a música foi vivida em toda a sua intensidade. Dapunk Sportif provaram, uma vez mais, que o rock não se apaga com o tempo, ele cresce, evolui e, acima de tudo, mantém-se relevante. E se ainda não os viram ao vivo, não percam a próxima oportunidade. Porque quando os Dapunk Sportif entram em palco, o rock não é apenas ouvido, é sentido em cada fibra do corpo.


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