Novas Canções da Terra é o projeto de estreia da cantora e compositora Catarina Carvalho Gomes, uma artista portuguesa que, além da música, tem uma forte ligação ao mundo da atuação. Neste trabalho, Catarina revela-se como uma verdadeira contadora de histórias, uma criadora que utiliza a canção como forma de explorar e expressar as complexas emoções humanas, refletindo sobre as questões universais que nos tocam a todos. A sua obra é marcada pela busca de uma relação intrínseca entre o texto poético e a tradição musical portuguesa, duas vertentes que se encontram frequentemente nas suas letras e  sonoridades. A sua música parte de um profundo respeito pelo cancioneiro tradicional, mas com uma visão contemporânea que a permite explorar novas linguagens e estéticas. Catarina tem uma curiosidade imensa pelo poder da palavra e pelo seu vínculo com a língua portuguesa, um instrumento fundamental não só para a comunicação, mas também para a expressão das mais diversas nuances emocionais. A sua obra está profundamente enraizada na cultura do país, refletindo temas como o luto, a solidão, os conflitos geracionais e o património cultural. Ao mesmo tempo, há uma constante reflexão sobre a natureza, especialmente sobre os ciclos naturais da flora, criando uma ponte simbólica entre os ciclos emocionais do ser humano e os ritmos da Terra.

Cada canção parece ser uma narrativa, uma viagem onde a voz de Catarina se ergue como a verdadeira protagonista. A sua voz, rica e expressiva, torna-se o principal veículo de comunicação emocional, transportando o ouvinte para um universo onde o folk, o indie, o jazz e o fado se cruzam de forma orgânica, como se fossem ecos de tempos antigos reinterpretados à luz de uma sonoridade moderna e sensível. O fado, claro, não poderia faltar – ele é parte intrínseca da alma musical portuguesa e, na sua interpretação, Catarina não apenas homenageia essa tradição, mas também a revigora, trazendo-lhe novas camadas de significado. Em Novas Canções da Terra, Catarina Carvalho Gomes celebra a terra e tudo o que dela advém. A terra, com os seus frutos e a sua força, é vista como uma metáfora da vida – rica, mas também efémera, cheia de ciclos inevitáveis, tal como a morte. A sua música revela um olhar profundo sobre a dualidade da existência humana: a alegria da vida e a inevitabilidade da morte, ambos celebrados com um sentido de aceitação serena. Não há tragédia na sua obra, mas sim uma celebração da transitoriedade da vida e a beleza de cada momento, por mais fugaz que seja. 

Este projeto é, assim, uma verdadeira homenagem à vida, à terra, à cultura e à língua portuguesa. É também um manifesto pessoal de Catarina, que se revela não só como artista, mas como pensadora, alguém que olha para o mundo com uma sensibilidade rara, procurando compreender as emoções humanas mais profundas e traduzir essas reflexões em música.

Vais poder assistir ao concerto dela dia 28 (sábado), dia em que terás outros três projectos a concurso, o sábado ao contrário dos dois dias anteriores, tem concertos à tarde e à noite, Catarina atuará ás 18:15. 

Apresenta-nos o teu projecto e o que achas que o destaca mais.

É um projeto centrado na poesia e na beleza das melodias vocais, como meio transmissor de ideias. Muito focado na relação entre processos emocionais e os ciclos naturais da flora.

Define/caracteriza em 3 palavras o teu projecto.

Frutífero quanto baste.

Como estás a viver esta participação no Festival Emergente?

Sinto-me contente por poder apresentar o meu projeto em Lisboa e entusiasmada por conhecer a Bota e partilhar o dia com os restantes participantes do festival.

O que podemos esperar do teu concerto?

Será franco e intimista, em formato trio, pela primeira vez.

Quais são as tuas maiores inspirações?

Ouvir as minhas tias do bairro contar histórias.

Um álbum que está no teu top 3 de preferências. 

"Toda la vida un día" da Sílvia Perez Cruz