O que vais querer ver no Festival Emergente: Pato Bernardo

By VoxPop - dezembro 26, 2024

 

Pato Bernardo é um dos projectos super emergentes a concurso no Festival Emergente. São um trio de Lisboa que se tem destacado pela sua abordagem ousada e experimental ao rock, explorando uma sonoridade única e dinâmica, que reflete uma constante busca pela inovação e pela liberdade criativa. Formado em 2022, o grupo está a construir rapidamente uma identidade própria na cena musical lisboeta, abraçando um som eclético que vai muito além das convenções do género. Em Junho de 2024, o trio lançou o seu aguardado EP de estreia, A Sombra do Chão, uma obra intensa que cristaliza a essência do que é o Pato Bernardo – uma fusão de sons brutos e atmosferas carregadas de tensão, fruto de um processo criativo marcado pela experimentação constante.

O EP foi gravado de forma crua e direta, ao vivo, durante uma sessão única no estúdio de André Isidro, localizado nos Olivais, em Lisboa. A opção por um registo ao vivo, sem recorrer a edições ou retoques excessivos, confere à música uma urgência palpável e uma autenticidade rara. Cada faixa foi captada em tempo real, com a energia da performance a transbordar para o disco, criando uma sensação de proximidade e imersão. A gravação ao vivo serve, assim, como uma janela para o universo do grupo, permitindo ao ouvinte testemunhar o processo criativo do trio de forma genuína e sem filtros. Composto por quatro musicas que marcam uma etapa importante na evolução do Pato Bernardo.

A sonoridade de A Sombra do Chão é um reflexo da identidade do grupo, que se vai moldando à medida que as influências e os géneros se misturam e se atropelam de forma orgânica. O rock experimental, pilar do trio, é enriquecido por uma série de outros estilos e sonoridades, desde o noise até ao post-punk, do psicadelismo ao grunge, criando um campo sonoro onde a diversidade é a norma. O experimentalismo é uma constante, mas não como um fim em si mesmo. Pelo contrário, é o meio através do qual o Pato Bernardo constrói a sua música, explorando novas texturas e formas, quebrando barreiras sonoras e criando momentos de tensão e libertação.

As composições revelam uma grande complexidade nas suas dinâmicas, com passagens explosivas que alternam com momentos mais introspectivos e atmosféricos, desafiando o ouvinte a entrar num jogo de contrastes e de emoções cruas. O trio não procura agradar a qualquer fórmula pré-estabelecida, mas sim criar uma experiência sensorial autêntica e envolvente, que se distingue pela sua autenticidade e pela sua capacidade de quebrar as convenções do rock moderno.


Vemos este EP como uma afirmação do percurso e da identidade do Pato Bernardo, uma banda que, apesar de jovem, já apresenta uma maturidade artística impressionante. O álbum serve como um reflexo da energia e do compromisso do trio com a sua própria visão musical, que é marcada pela constante reinvenção e pela busca por uma sonoridade que desafie as fronteiras dos géneros e que, acima de tudo, seja verdadeira. 

Venham viajar ao vivo ao universo peculiar do Pato Bernardo, onde a música é uma exploração sem fim e onde a liberdade criativa é a força motriz que impulsiona a banda a continuar a quebrar limites e a definir o seu próprio caminho na cena musical, o concerto será dia 27 no Bota as 22h.


Até la, fiquem com a nossa entrevista à banda


Apresentem- nos o vosso projecto e o que acham que o destaca mais.

Pato Bernardo é um trio de rock experimental maioritariamente instrumental. Na procura por uma identidade acabámos por escolher o anonimato parcial que vai variando de nível consoante o que se passa nas nossas cabeças em diferentes alturas.

O destaque que possa existir no nosso trabalho parte mais de quem nos ouve do que de nós próprios. Tudo o que fazemos já foi feito algures no espaço e no tempo, tentamos só dar-lhe uma roupa nova da forma mais natural e desprendida possivel.


Define/caracteriza em 3 palavras o vosso projecto.

Reis do asfalto.


Como estão a viver esta participação no Festival Emergente?

Estamos super tranquilos mas reconhecemos a existência de um nervosinho que nunca sentimos, pois é provavelmente a única vez que pensamos 'ya, e se isto correr bem?'. Curtimos imenso de qualquer oportunidade que surja de podermos chegar a mais malta. Acabar o ano de concertos na BOTA sabe mesmo, mesmo bem. É um prazer voltar.


O que podemos esperar do vosso concerto?

Três grandes amigos que cada vez mais se unem através do experimentalismo musical e da procura por novas ideias e perspectivas. Em concertos obrigamo-nos a nunca tocar de forma exatamente igual ao que está gravado nem a como foi tocado na atuação anterior. Esta abertura criativa dá-nos imensas pontes para chegarmos a diferentes narrativas e discussões. E curtimos imenso quando aparece malta que pensa da mesma forma e procura algo assim.


Quais são as vossas maiores inspirações?

É obvio que a nível musical, por muito que não seja voluntário, bebemos sempre daquilo que ouvimos em casa ou com malta. E daí reconhecemos que, por exemplo, os nossos primeiros sons sejam uma mixórdia de géneros musicais porque estávamos só a cuspir linhas do que ouvíamos sem pensar muito em termos estruturais. Há imenso dub, prog, funaná e post-hardcore espalhados pelas faixas porque era isso que estávamos a ouvir na altura. Mas de há uns tempos para cá, para além de nos inspirarmos imenso na malta do nosso coletivo (GRAVV.), uma vez que é com eles que mais debatemos e chegamos a perspectivas extremamente essenciais sobre o nosso meio, temos vindo cada vez mais a encontrar estímulos criativos que não venham obrigatoriamente de lugares musicais, acabamos por encontrar narrativas em cada detalhe do que observamos no dia a dia que posteriormente possam vir a ser musicadas. Com a entrada do Diogo para o baixo temos estado muito mais atentos.


Um álbum que está no vosso top 3 de preferências. 

Foi lançado este ano e já o guardamos com muito carinho: 'Spectral Evolution' do Rafael Toral. Fez-nos sentir merdas que nem sequer sabíamos que podiam ser ativadas.

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