A não perder no Primavera Sound Porto: Glass Beams - Música para ouvir com os olhos fechados
Três silhuetas cobertas por máscaras
douradas sobem ao palco como sacerdotes de um culto desconhecido. Não dizem uma
palavra. Não é preciso. Os primeiros acordes já dizem tudo: estás noutro lugar.
Não importa onde estás fisicamente, poderias estar em Laurel Canyon nos anos
70, numa rave cósmica em Saturno, ou num deserto onde os ventos falam em sitar.
A viagem já começou.
O som dos Glass Beams é uma fusão
magnética de psicadelismo, groove, e ecos da herança musical do sul da Ásia.
Não é fusão para impressionar, é fusão que respira. É como se a música
ancestral decidisse vestir sintetizadores e seguir viagem por universos
paralelos. Cada faixa é uma hipnose. Repetição sagrada. Transe. E quando te dás
conta, estás a dançar sem saber porquê, como se o corpo soubesse mais do que
tu.
Em "Mahal", o primeiro EP, não há vocais, mas há voz. Uma voz que fala através das texturas, das melodias circulares, dos baixos que ondulam como serpentes encantadas. "Taurus" não é uma canção, é um feitiço. "Kong" soa a ritual numa cidade que nunca existiu, mas que juravas já ter visitado em sonho. Poderíamos estar aqui a descrever todos os singles ou álbuns, mas tens que ouvir para sentir.
Ver Glass Beams ao vivo é como
atravessar um espelho: do outro lado, há cor, há sombra, há ritmo e há
silêncio. No Primavera Sound Porto 2025, eles não vêm para te ocupar uma hora.
Vêm para abrir portais.
Tens duas opções: assistir… ou
entrar.
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