Há muito tempo que queríamos ver Madmess, mas infelizmente eles não vem tocar regularmente a Lisboa nem nos vamos regularmente ao Porto. Poder vê-los ao vivo e ainda por cima na SMUP, que adoramos a vibe, foi só perfeito sob perfeito. O concerto da Madmess foi uma verdadeira viagem sonora, onde o público foi conduzido por ondas de riffs pesados e grooves hipnóticos que transportam a mente para um estado quase psicodélico. Desde o primeiro acorde, a energia na sala foi completamente palpável, como se o ar fosse eletrificado pela potência das guitarras distorcidas e pela bateria pulsante que marca o ritmo de cada música.
A banda entra em cena com uma presença imponente, e a voz grave do vocalista, nas poucas músicas que têm vocals, é carregada de atitude, ao mesmo tempo que ele é discreto, mas complementa perfeitamente o peso das melodias, deixando-nos com sede por mais músicas com vocals. A atmosfera é densa, com um som que parece engolir a sala, criando uma sensação quase subterrânea, como se estivéssemos num deserto, rodeados pelo eco de distorções e solos vertiginosos. A fazer lembrar os concertos pesados dos anos 90 e 2000 em Joshua Tree.
Os riffs alternam-se entre momentos de tensão e explosões de energia, refletindo a natureza crua e intensa do stoner rock que Madmess tão bem executa. O público, imerso na vibração, balança em uníssono com as batidas, e há uma troca de energia visível entre a banda e os presentes, que se deixam levar pela cadência única da banda. Durante o concerto, é comum que a banda se perca em algo tipo jams improvisadas, que na verdade não o são, explorando novos territórios sonoros, como se houvesse um diálogo entre os instrumentos, algo que adoramos quando acontece e o que torna cada apresentação uma experiência única.
Não há pressa, o tempo parece dilatar à medida que os riffs se estendem e a música flui de maneira orgânica. Isto faz com que haja algo do género uma conexão entre o público e a banda, flutuando através do som dos instrumentos, criando uma aura de intimidade, através da potência do som. Os riffs de guitarra são qualquer coisa extraordinária, que fazem um fogo de artifício de serotonina e dopamina.
O final do concerto é sempre uma explosão, com a banda a entregar sua última dose de energia e deixando a plateia com uma sensação de satisfação intensa, como se tivesse vivido uma experiência catártica. Saímos do concerto com a cabeça reverberando, a sensação de ter sido consumido pela música e, ao mesmo tempo, elevado por ela, um verdadeiro ritual do stoner rock.
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