MEO Kalorama 2025: O Último dia de Magia no Parque da Bela Vista
O MEO Kalorama 2025 fechou o pano com um último dia memorável em Lisboa, numa tarde e noite que ficarão gravadas na lembrança de quem lá esteve. O Parque da Bela Vista, vibrante e acolhedor como sempre, transformou-se num palco onde a natureza e a música caminharam de mãos dadas, num momento que soube a paixões de verão, ainda o calor não se foi, e já sonhamos com a próxima edição.
A tarde começou com a doçura do timbre de Jasmine.4.T, artista britânica que parecia dançar com as próprias palavras, envoltas numa emoção crua e honesta. O Palco MEO ainda aquecido pelo sol recebeu a sua música com um sopro fresco e inesperado. Cada dedilhado na guitarra tocava bem fundo, como um sussurro que só os mais atentos conseguiam escutar. Em temas como “Breaking in November” e “Best Friend House”, a sua mensagem de apoio à comunidade queer elevou o ambiente, criando uma ligação verdadeira com o público. A bandeira trans no palco simbolizava esperança — um apelo à empatia, à aceitação e à beleza da diferença.
À medida que a noite se aproximava, o Palco San Miguel ganhava vida com os BadBadNotGood. O trio canadiano misturou jazz, funk e hip-hop de forma tão natural que parecia transportar-nos para outro lugar. A improvisação, em equilíbrio com uma estrutura cuidadosamente pensada, fez com que o som se tornasse mais do que música — era uma conversa intensa entre músicos e audiência. Com temas como “Alien Life” e “Family”, os sopros e os graves desenhavam paisagens sonoras quase irreais, que só os mais curiosos se atreveram a seguir.
Quando Noga Erez entrou em cena no Palco MEO, a noite ganhou uma energia crua e magnética. Com um pop electrónico forte e ousado, a artista israelita lançou um feixe de energia sobre o público. O seu carisma e atitude cativaram de imediato. “Firetrucks” e “Cry Baby” foram verdadeiros hinos à liberdade e à entrega. Mesmo com alguns problemas técnicos, a atuação foi marcante pela autenticidade, como se dissesse que nem tudo precisa de ser perfeito para nos tocar profundamente.
O som descontraído e bem-humorado de Royel Otis trouxe uma leveza contagiante. Com projecções que lembravam cenas de um filme de Wes Anderson, a dupla australiana brincou com nostalgia e alegria. “I Wanna Dance with You” virou convite literal, e a versão de “Murder on the Dancefloor” foi recebida com entusiasmo absoluto — o público cantava e dançava em comunhão, como se aquele instante fosse tudo o que importava. Era música feita para quem ainda acredita na simplicidade de um sorriso ou num passo de dança partilhado.
Mais tarde, Jorja Smith subiu ao Palco MEO com a sua voz envolvente, suave como uma brisa quente. Prometia uma viagem emocional, mas nem tudo correu como esperado. As frequências graves em excesso e o vento criaram alguma distância entre artista e público, apagando parte da intimidade que a sua música costuma trazer. Ainda assim, momentos como “Blue Lights” e “Addicted” mantiveram viva a ligação, mostrando que mesmo com falhas, a entrega emocional pode resistir.
O ponto alto da noite chegou com Damiano David, antigo vocalista dos Måneskin, que trouxe uma energia imparável ao Palco MEO. A sua estreia a solo foi um vendaval de emoções e luzes. Ao contrário de outras atuações mais contidas, aqui tudo era celebração. “The First Time”, “Voices” e “Tango” incendiaram a multidão, enquanto as versões de “Nothing Breaks Like a Heart” e “Too Sweet” levaram o público ao delírio. Com uma presença carismática e uma ligação imediata com os fãs, Damiano conquistou tudo e todos. Quando falou da banda portuguesa NAPA e da Eurovisão, arrancou aplausos e gritos de orgulho. Foi uma atuação que mostrou a força da reinvenção, já não é o artista de antes, mas continua a saber cativar. Ainda assim, muitos esperavam algo mais dele ou deste momento.
Outros nomes também deixaram a sua marca. Os nossos Yakuza, com o seu jazz experimental. As batidas envolventes de Jennifer Cardini, o techno profundo de Daniel Avery e a fusão global de BRANKO completaram uma noite onde todos encontraram o seu lugar.
O fim do festival foi uma festa de diversidade sonora e emocional, um último acorde de um dia que ficará na memória de todos os que passaram pelo Parque da Bela Vista. Ao longo dos próximos dias, vamos publicar críticas individuais dos concertos que mais nos marcaram, com um olhar mais atento sobre as atuações que nos tocaram de forma especial. Além disso, poderão ver fotografias de todos os artistas que passaram pelos palcos — algumas já disponíveis e outras a caminho. Para acompanharem tudo, sigam-nos no Instagram, onde iremos partilhar ainda mais imagens e momentos desta edição inesquecível do MEO Kalorama.
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