Finalmente, após uma espera que parecia interminável, os Temples vieram a Portugal para um concerto em nome próprio, com uma apresentação no Porto e outra em Lisboa. Estivemos presentes na capital, e, apesar de ser uma segunda-feira, o público não se deixou intimidar, enchendo a sala com energia e entusiasmo. O concerto aconteceu no LAV uma Venue que adoramos, porque para além do espaço em si ser muito bom, o som é sempre perfeito e o facto do palco não ser nem grande demais nem pequeno demais e sobretudo não ser demasiado alto e incrivelmente perto do público, faz-nos ficar mais próximos das bandas o que é algo que apreciamos e os fans também, pois torna os concertos mais especiais.
A abrir o concerto estiveram os portugueses Them Flying Monkeys a dar um concerto espetacular com a energia á qual já nos habituaram, honestamente uma excelente banda para a ocasião.
Após um intervalo veio o tão esperado concerto de Temples e o que testemunhámos foi muito mais do que uma simples concerto; foi um espetáculo que fez jus à evolução notável da banda ao longo de mais de uma década de carreira.
Musicalmente, os Temples têm evoluído para um rock psicadelico ainda mais arrebatador. Se o som de Sun Structures já era vibrante e colorido, agora é como se tivessem intensificado essas cores, tornando-as mais vivas, mais saturadas, colocando o público numa verdadeira viagem sensorial. Ao vivo, essa transformação é ainda mais evidente: os solos de guitarra são poderosos e consistentes, arrebatando-nos na sua magnitude, e a energia da banda parece invocar um transe coletivo que nos transporta para um estado emocional elevado. O novo álbum, quando tocado ao vivo, traz uma mistura fascinante de nostalgia e renovação. 2014 já está tão distante, mas a emoção que aquele ano despertou continua presente, embora filtrada por uma nova perspectiva. O que sentimos no palco é exatamente isso: um reencontro com o passado, agora amadurecido, polido e refinado. As canções que há anos nos faziam vibrar ainda têm o poder de nos transportar, mas agora fazem-no de uma maneira nova, enriquecida, e profundamente transformadora.
O concerto foi uma verdadeira celebração da sua discografia, começando com Sun Structures, que imediatamente prendeu os pés do público ao chão. Cada faixa foi recebida com entusiasmo, especialmente Keep in the Dark, que levou todos à loucura, com o público cantando a plenos pulmões. Aliás, foi impressionante notar como o diálogo entre a banda e a audiência fluía com facilidade: Tom, sempre atencioso, perguntava qual música o público queria ouvir a seguir, e as respostas eram instantâneas. Shelter Song foi outro ponto alto, com todos rendidos ao poder da sua melodia hipnótica. No palco, Tom não hesitou em se deitar no chão após um solo espetacular, uma cena que ficou gravada na memória de quem estava ali. E, como se não bastasse, uma criança ao nosso lado pediu ao pai para se aproximar, tamanha era a fascinação pelo espetáculo que se desenrolava diante de seus olhos.
O concerto ainda teve direito a um encore, com Paraphernalia e Gamma Rays, mas, como todos os grandes espetáculos, chegou ao fim. E o mais impressionante é que, passados já alguns dias, ainda estamos a reviver aquela noite, não apenas pela nossa adoração à banda, mas pela qualidade transcendental do concerto em si. Foi, sem dúvida, um fogo de artifício psicadelico, uma explosão de talento que fez justiça ao legado de Temples. Foi uma experiência visceral e inesquecível, que deixa a sensação de que os Temples ainda têm muito mais a oferecer
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