As memórias são repletas de bandas que deixaram as suas marcas nas paredes do Sabotage. As nossas noites ali eram uma tapeçaria de sons, um mosaico sonoro que abrigava desde novos talentos até nomes já consagrados, numa celebração contínua da diversidade musical.
A nossa editora, que desempenhava o papel de booker e manager na altura, via no Sabotage o palco ideal para apresentar artistas e aos artistas que vinham de longe — do Brasil ao Reino Unido — muitos foram os músicos e bandas aos quais ela apresentou o Sabotage, fosse em concerto ou para apenas conhecerem o espaço, precisamente pelo carisma deste.
Mas, como tantas outras jóias da cena cultural lisboeta, o Sabotage teve o seu desfecho. Outros pequenos clubes, que outrora fervilhavam de vida e criatividade, também se calaram ou mudaram de endereço. O cais do Sodré, que um dia pulsou com uma energia vibrante, tornou-se numa sombra do que era, restando apenas três refúgios, dos quais um encerrará as suas portas ao final do ano. Poderíamos alongar sobre esta triste realidade, esta lenta erosão dos espaços que tanto amamos e que são essenciais para a cultura musical, mas isso seria material suficiente para um livro.
Para celebrar a memória do Sabotage e a sua indelével marca nos nossos corações e de todos os que também eram assíduos por lá, a Sociedade Musical União Paredense (SMUP) organizará uma festa memorável, no dia 19, próximo sábado. Nela, The Parkinsons, Democrash e Beach Wreck iluminarão a noite, culminando com Nuno Rabino, que garantirá que os nossos corpos dancem ao som da sua música contagiante. Esperamos reencontrar rostos familiares e juntos celebrar a essência do Sabotage, que, embora físicamente não exista mais, sempre existirá nas nossas memórias e na história musical da cidade.
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