O festival Sudoeste é um dos que tem uma história mais marcante, pelo menos quanto a mim, porque para quem olha para o cartaz de hoje em dia, não imagina a quantidade de bandas boas que já por lá passaram. Andamos a reunir bilhetes antigos do festival e uma das coisas que nos salta à vista é sem dúvida o valor do bilhete. Na altura 6000 escudos,mas em anos seguintes chegou a ser 5000 escudos e com cartão jovem tínhamos direito a um desconto de 500 escudos. Ora vejamos o preço do bilhete equivale a agora 30€ e os tais 500 escudos a 2.50€, esses 500 escudos na altura davam para lanchar e ainda sobrava troco, por isso para nós era muito importante comprar o bilhete com desconto. Claro que quando o escudo passou a euro, tudo passou para o dobro do valor e hoje em dia temos a crise que temos, mas esquecendo a crise...
O primeiro sudoeste foi em 1997, eu queria muito ter ido acampar e assistir a todos os dias, mas só fui ao primeiro dia, ver Blur, o meu pai dizia que era muito nova para is sozinha. Hoje em dia os miúdos começam a sair à noite e a ir a festivais aos 14, 16 anos, na altura haviam muitos preconceitos em torno destas coisas, não tínhamos uma vida tão liberal quando os adolescentes de hoje em dia têm, no entanto tive a felicidade de sempre ter ido ver os concertos que mais queria, ainda que fosse com o meu pai. Nesse ano para além de Blur, uma das novidades foi o Marlyn Manson, e muitas histórias de fizeram na altura, lembro-me de terem dito que ele pediu pintainhos para esmagar no palco, mas que a produção recusou e eu recuso-me a acreditar nisto. Nesse ano também tocaram os dEUS, que eu na altura gostava imenso. Nesta altura era a Sagres que patrocinava o festival. No ano seguinte, em 1998 já fui aos dias todos e acampei lá, apesar de ter casa de férias relativamente perto. Este ano foram os Placebo, que vi três vezes no festival sudoeste, foram os Portishead, a Pj Harvey, que vi duas vezes no sudoeste e os Sonic Youth, que eu nunca tinha visto, e por ser uma das bandas preferidas da minha mãe, eu estava muito entusiasmada para ver ao vivo. Acho que também foi a primeira vez que vi Placebo, não me recordo. Neste ano também tocaram os The Cure, enquanto eu dormi um bocadinho, este ano tocam no NOS Alive. Creio que foi em 1998 que se criou o grito "Oh Elsa..." entretanto perdido, mas que por alguns anos era repetido e ouvido constantemente no acampamento. Algo também comum na altura eram os Djambés, lembro-me que depois dos festivais ficava farta do som deles, tantas noites a ouvir batucar e centenas deles.Em 1999 só me lembro do concerto de The Chemical Brothers, foi a primeira vez que os vi. Estive os três dias no festival, mas não gostei muito dos concertos. Nesta altura o acampamento do festival, era muito mais pequeno, só tinha tendas, chuveiros e casas de banho. Não tinha luz e nós todos os anos levávamos lanternas. Era um festival, um acampamento não um parque de campismo ou um hotel.
O recinto tinha imenso pó e muito sinceramente era o mais chato, contudo normal, dado o terreno em si. Havia já na altura um autocarro que levava as pessoas para a aldeia/praia e o canal era como ele é normalmente, não o fechavam como mais tarde passaram a fazer para ser menos perigoso, ou mais piscina. Outra coisa engraçada na altura, aliás engraçada agora que olhamos para trás, porque na altura não tinha piada nenhuma. Eram as filas para os telefones públicos, no recinto havia imensos, no entanto havia sempre filas. Na altura não andávamos com telemóveis como agora, pelo que os pais deixavam-nos ir, mas tínhamos que telefonar para casa a dizer que estava tudo bem.
Em 2000 lembro-me dos Bush, Beck, Placebo, Moloko, Lamb, Bloodhoundgang, Oasis, Guano Apes, Morcheeba e Da Weasel. Esse ano foi engraçado, porque aproveitei Moloko para is dormir um sesta, Guano Apes nessa altura estavam sempre a vir tocar a Portugal, mesmo assim na altura do concerto deles, ninguém de conseguia mexer no publico, de tão cheio que estava. O Virgul dos Da Weasel, entrou em palco a fazer mortais, caiu e fracturou uma tibia, ou seja arruinou o concerto, na altura os Da Weasel estavam em altas a tocar no grandes palcos de todos os festivais. Foi neste ano que me apaixonei por Morcheeba, voltei a vê-los em Portugal mais três vezes, uma delas à chuva em Paredes de Coura.
Os Bloodhoundgang, como sempre com as pistolas carregadas de porcarias que faziam mitos, sobre o que estaria na composição dos líquidos, meteram um rapaz a beber uma paleta de coca-cola, acho que para ganhar um album, algo humanamente impossível. Eles costumavam chamar miúdas ao palco e beija-las, então disseram "queremos miúdas aqui no palco", começaram a subir miúdas para o palco, depois de todas alinhadas, eles brincaram a dizer "ok, agora podem ir embora, porque nós queremos é mulheres". Mas o mais estupido deste ano, foi o concerto de Oasis, que basicamente não houve, porque o senhor Noel, pegou-se com o publico, e as tantas o publico estava-lhe a atirar objectos e ele recusou-se a cantar mais. Em 2001 voltei a ver Placebo e Pj Harvey, vi também UB40 e sepultura, apesar de não gostar do estilo de musica. Em 2002 lembro-me de Belle & Sebastian, Sigur Ròs, The Chemical Brothers, Black Rebel Motorcicly Club, Alanis Morissette, Peter Murphy, Orishas e Charlie Brown Jr. Adorei Peter Murphy e o skate do Chorão caiu-me no colo.
Entre 2002 e 2006 acho que não fui um ano ou dois, mas não me lembro o que vi, nem tenho os bilhetes. Em 2006 acho que foi quando começaram a meter reggae lá e o ambiente já não era o mesmo, basicamente só fui, para ir ver os concertos no palco planeta sudoeste, tocaram lá os The Kooks, Seu Jorge e Nouvelle Vague.
Em 2007 não fui e em 2008 foi a ultima vez que fui e já não gostei do ambiente, nesse ano vi Björk, mais uma vez The Chemical Brothers que deram um concerto excelente, o melhor que já vi deles, Franz Ferdinand, também com um grande concerto e Booka Shade num espaço que se não me engano era chamado cubbic. Neste ano havia o palco principal, o palco reggae, o palco digamos mais alternativo e este espaço de electronica que já não era numa tenda. Nesta altura já o acampamento tinha luz há algum tempo, fizeram estruturas fixas para os chuveiros, passou a haver lava loiças, um mini mercado no recinto. Zona de comidas no recinto, obviamente com os anos melhoraram as condições do acampamento. Quanto à musica, o facto de quererem ter diversos estilos de musica, embora que em palcos diferentes, pode ser bom para vender bilhetes, mas não é para quem lá vai, pelo menos não para a minha geração que estávamos habituados a outro tipo de musica e depois foi como enfiarem lá o sumo summer fast e as discotecas de alcantara...Daí para a frente quanto a mim e a todos os meus amigos, o nível da qualidade da musica mudou, gostos são gostos, mas o sudoeste foi transformado em musica electronica de rádio, obviamente que isso vende, no entanto fez com o estilo de publico mudasse e quem gostava de lá ir deixou de ir, com muita pena porque o espaço em si é muito bom, quanto a mim, é dos melhores espaços a nível de festival, no entanto a musica...enfim como já referi, gostos são gostos, mas sinceramente tenho pena de um festival que já teve lá bandas tão boas, ter-se tornado em algo como é hoje em dia, embora pelo meio de dj's tenham bandas como
interpol...quem realmente gosta de Interpol, não gosta daqueles Dj's, o que se torna estranho o alinhamento que alguns anos já tiveram. Este ano vai Jamiroquai e julgo que estão lentamente a colocar bandas no cartaz. Hoje em dia também muita gente vai para lá porque quer estar a acampar uma semana sem os pais, é comum ouvir os pais em entrevista na televisão dizer que deixam lá os filhos quando estão de caminho para o algarve e depois quando voltam apanham-nos, tornou-se numa espécie de ATL gigante, como tudo o resto hoje em dia, é banal e se andas no secundário e não vais ao Sudoeste não és cool, não pela música, mas porque acampas uma semana até podes eventualmente ir dançar um bocadinho ou andar na roda gigante. Como já disse duas ou três vezes, gostos são gostos, gerações são gerações, não melhores nem piores, há diferentes, mas tenho saudades do sudoeste com grandes bandas.
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