TOY ao vivo no Sabotage em Lisboa

By VoxPop - março 09, 2017



No dia 7 deste mês, os TOY vieram tocar a Lisboa, no Sabotage bar. Nós estivemos a entrevista-los, uma surpresa que temos para vocês brevemente e obviamente também assistimos ao concerto. Inicialmente a nossa ideia não seria fazer também uma review do concerto já que teremos a entrevista, mas o concerto foi tão bom, que não podíamos não falar dele. Antes de mais, quero pedir desculpa pela falta de qualidade das fotografias, mas o Sabotage é muito escuro e estava completamente esgotado, quem conhece sabe o quanto é difícil tirar lá fotografias, não só pelo escuro, mas também pelo palco ser basicamente ao nível do chão e não haver espaço livre entre a banda/palco e o público, o que não ajuda na parte das fotografias, mas compensa e muito pelo facto da proximidade entre a banda e o publico, que é aliás um dos objectivos desta tour dos TOY.  No entanto tenho algumas fotografias "psicadélicas" como o momento em si.
Há três anos que os TOY não vinham tocar a Portugal, no entanto esta foi a quarta vez que vieram. Quanto a mim, este foi sem dúvida o melhor concerto que vi deles em Portugal.
O concerto começou por volta das 23h, os quatro rapazes entraram no palco, aparentemente tímidos com a sua postura natural shoegaze, a olhar para baixo e escondidos atrás do próprio cabelo, mas bastou pegarem nos seus instrumentos e começarem a tocar, para mais uma vez vermos que o palco é o seu habita natural. Todos eles deram o seu melhor no palco, no entanto tenho a destacar o Panda, que em palco "explodiu" em movimentos energéticos, tendo por várias vezes batido com o baixo na luz no tecto, subiu várias vezes a plataforma da bateria e até foi tocar para o meio do público, tendo também sido ele, como é costume o porta voz do grupo, para falar com o publico, não que tenha falado muito, mas falou e por vezes não é preciso falar para haver comunicação. Charlie incansável na bateria, mostrou de que material é feito e deu tudo por tudo durante o concerto.
"Fall Out of Love" de Join The Dots, foi a música escolhida para dar inicio ao concerto e logo desde a primeira musica que nos mostraram, que o melhor seria colarmos os pés ao chão, para não começarmos a flutuar para um qualquer quadrante espacial. Segue-se "I'm Still Believing" pertencente ao novo álbum "Clear Shot", uma música bastante melódica que nos fica no ouvido desde a primeira vez que a ouvimos, algo que não é propriamente comum nas restantes músicas, não por serem melhores ou piores, apenas por serem diferentes e digamos que menos dançáveis. Com a segunda música já o público estava rendido em palmas, outra atitude não seria de esperar, pois dadas as circunstancias do concerto, quem estava presente era quem realmente conhece e reconhece o trabalho da banda. 
"Kopter" foi a música que se seguiu, vinda do primeiro álbum da banda e com esta música, foi como que uma catarse, cada membro da banda mergulhou na melhor técnica dos seus instrumentos, a provarem mais uma vez que fazem o que querem com eles, como se fosse algo fácil de se fazer tal não é a agilidade e descontracção com que o fazem. A salientar Charlie completamente eléctrico a comandar o ritmo e Max que embora de semblante sereno, como se não estivesse ali a fazer maravilhas com os teclados, dando magnificas cores e texturas melodicas e/ou sintetizadas.
Segue-se "Fast Silver" na qual Tom tem uma especial expressão vocal (aliás característica de todo o Clear Shot), uma música calma, porem soava como o vento morno, num fim de tarde de primavera no campo, no qual se fecharmos os olhos nos sentimos a flutuar. Voltamos ao passado com "Colours Running Out" e de seguida remetem-nos novamente para o novo álbum com "Clear Shot", uma música que para além de uma excelente letra, ao vivo a banda torna-a ainda melhor, como se ganha-se mais força. Devo salientar, dado o facto de já os ter visto ao vivo diversas vezes, que os concertos de TOY são sempre uma surpresa, pois eles gostam de fugir ao que ja nos mostraram no album e  ao vivo enriquecem sempre as musicas, fazendo assim parte, das bandas que ao vivo são tão boas ou melhores do que nos álbuns, ao contrário de muitas que gostamos muito do álbum, mas ao vivo são como que uma "desilusão sonora".
Com Panda e Charlie em Back vocals, chegou a vez de "Clouds that Cover the Sun" e no final da música, Panda pergunta ao público "How are you feeling?".
O magnifico single "Left Myself Behind" não ficou esquecido, e levaram o publico a mais um momento de transe, o ritmo forte da bateria fazia-se notar especialmente nesta musica, os sons das duas guitarras e os solos de Tom viajavam por toda a sala, juntamente com os sintetizadores de Max, Panda completamente embrenhado na música foi tocar para o meio do público.
Segue-se "Another Dimension" na qual já todos estávamos, "Motoring"  e "Dream Orchestrador", Panda anuncia "My Heart Skips a Beat" como a última música, fazendo o titulo da música jus ao que se estava a passar no preciso momento. Tocaram ainda "Join The Dots", onde todos eles deram o melhor de si, tocaram a sentir a musica a sair de si, mostrando o que cada um faz melhor e como é uma banda que trabalha em conjunto e onde o dom de cada um é respeitado e visto como enriquecedor para todo o processo criativo. Nesta música o baixo do Panda foi um dos instrumentos que mais se destacou, mas de uma forma geral é quase impossível ter ouvido esta musica e destacar este ou aquele instrumento porque todos eles tornam a musica especial e única ao vivo. Tom e Dominic baixaram-se para fazer feedbacks com os pedais das guitarras, como se estivessem simplesmente a brincar com eles, mas o som que dali saia, tornava-se parte da composição da musica de uma forma totalmente psicadélica. Logo de seguida voltaram as guitarras e sobretudo a de Tom a provocar ondas de som hipnóticas. Na parte final da musica, Charlie parecia uma mistura de vários grandes bateristas, por por exemplo John Bonham, com quem até é parecido fisicamente. Se havia estado eléctrico durante todo o concerto, neste momento a fasquia aumentou e ninguém diria que aquele era o mesmo Charlie com quem conversamos à tarde, bastante calmo, não tímido como ele disse achar-se, mas bastante tranquilo e relaxado. 
Após um momento simplesmente perfeito a banda saiu do palco, mas o publico não conseguiu parar de bater palmas e eles voltaram com "Dead & Gone" do primeiro álbum. 
Confesso que quando soube que eles iam tocar no sabotage fiquei apreensiva, devido ao espaço ser pequeno, em como seria ouvi-los num concerto tão pequeno que se torna quase intimista, eles que em palcos grandes nunca se haviam mostrado tão conectados ao publico como agora, mas o meu receio foi completamente dissipado, a opção de dar concertos em salas mais pequenas neste momento foi a ideal, depois de quase dois anos em Tour com "Join The Dots", melhor para eles enquanto banda e maravilhoso para quem gosta da musica deles e tem o prazer de assistir a um concerto tão bom. Quando vejo um concerto no qual a música me envolve, como que se a senti-se em todos os sentidos e com todos os sentidos, esse é sem dúvida um concerto que ficará para sempre na minha memória, porque para alem de ser visto e ouvido foi sentido e nada melhor do que ter o privilegio de sentir a musica, tanto para quem ouve como para quem toca, pois muitas vezes e dado ao cansaço das bandas,  tocam porque assim tem que ser e deixam de sentir o que tocam enquanto tocam e quando assim é, sem dúvida que o melhor e reciclarem ideias e arranjar uma maneira em que a musica seja boa para todos. Não digo com isto que os TOY estiveram nesse ponto na tour anterior, no entanto considero incrível esta opção que tiveram e também a coragem. Só tenho a agradecer, obrigada TOM, CHARLIE, DOM, MAX, MAXIM E PHIL (e as duas ladies)  por terem tornado a noite do dia 7, uma noite tão especial. 

  • Share:

You Might Also Like

0 comments